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Boeing 787, até quando mais atrasos ?

Escrito por Diêgo Monteiro | sábado, 19 de janeiro de 2013 | 01:51




Agora é oficial, a FAA ( Federal Aviation Adminstration ) mandou colocar toda a frota do Boeing 787 no chão. O mais novo capítulo da história desta aeronave começou devido a um incêndio com uma aeronave da Japan Air Lines no aeroporto de Boston nos EUA onde foram detectados problemas nas baterias da aeronave, as quais estavam superaquecidas ao ponto de provocarem um incêndio na mesma, o fato que ocorreu no dia 16/01/2013, com um Boeing 787 da ANA fazendo um pouso de emergência no Japão, foi à gota d´água para a FAA deixar o moderno avião longe do seu habitat natural.

O Boeing 787 é sem dúvida, a aeronave certa para o começo deste segundo século da aviação. A aeronave que assim como o Boeing 777 foi desenvolvida inteiramente em computador através de um software High End chamado CATIA, tem o objetivo de substituir da sua linha de produção, o veterano Boeing 767 e desbancar o Airbus A330 do fabricante europeu e para isso, foram necessárias exaustivas 10 mil horas de testes para que fossem certificadas melhorias que foram herdadas do já moderno Boeing 777, como por exemplo ter uma planta real do aeroporto, facilitado aos pilotos que taxiways eles deve seguir no seu taxi no caso de aeroportos muito grandes, perfis de voo horizontal e vertical são mostrados no HSI ( Horizontal Situation Indicator ), introdução de materiais compostos em partes nunca antes introduzidas em uma aeronave, substituindo componentes até então metálicos reduzindo e muito o peso da aeronave, fazendo o 787 ser mais eficiente e com um consumo de combustível menor em relação aos seus antecessores. Também o Boeing 787 foi herdado principalmente do Boeing 777, a arquitetura da cabine e a disposição dos comandos fazendo com que as tripulações que venham de outras aeronaves da Boeing, migrem com facilidade para o Boeing 787.

O moderno cockpit do Boeing 787, com 5 grandes telas, HUD's e tudo o que um avião moderno
tem direito.

Não é a primeira vez que a FAA coloca uma frota de aeronaves no chão, em 1945, a FAA colocou a frota dos modernos Lockheed Constellation no chão por causa de um acidente com uma aeronave da frota da TWA matando todos os ocupantes a bordo, mas aí, a questão foi política, já que a TWA de Howard Hughes que havia encomendado 40 exemplares, era a arqui-rival da poderosa Pan American Airways de Juan Trippe, que tinha influência política forte e fez com que a FAA prejudicasse a TWA impedindo que seus Constellation não voassem por um bom tempo.

Lockheed Constellation.

Mas no final dos anos 50, no início dos voos do Lockheed L-188 Electra, um quadrimotor turboélice de última geração teve sua carreira manchada na aviação comercial, isso se deu por causa de dois acidentes idênticos que ceifou a vida de todos os ocupantes, o primeiro foi no dia 29 de setembro de 1959 no voo 542 da Braniff e o segundo foi em 17 de março do mesmo ano com o voo 710 da Northwest onde durante o voo de cruzeiro, a aeronave simplesmente “ batia asas ” até que elas se rompiam fazendo com que ficasse apenas o charuto do turboélice em queda livre. As primeiras investigações da FAA mostraram que as hélices giravam fora de seu eixo e tocavam no montante do motor, já que na análise dos destroços, foram encontradas ranhuras da hélice com a carcaça que segura à mesma. Diante desta coincidência, a FAA mandou imediatamente colocar toda a frota de Electra no chão, e a Lockheed foi obrigada a fazer um raio-x completo da aeronave fazendo um programa de testes histórico chamado de LEAP ( Lockheed Electra Action Program ) que fizeram testes estruturais rigorosos em solo e em voo. Nos testes em voo, os pilotos de testes da Lockheed voavam com paraquedas a bordo devido ao risco da operação, até mesmo às gigantes e rivais Boeing e Douglas se juntaram a Lockheed nos esforços de descobrir o problema. Finalmente foi descoberta a doença do quadrimotor, os eixos das hélices não possuiam um reforço adequado para manter as hélices no eixo normal, isso ocorria com algumas rajadas de vento ou até um pouso mais duro. Isso fazia com que os suportes que seguravam as hélices se soltassem fazendo a hélice girasse fora de seu eixo, esse desgaste fazia com que fosse criada uma vibração que afetava as asas do avião e normalmente atingia a frequência máxima oscilação. Quando as frequências das asas e dos motores entravam em ressonância, ou seja, se igualavam, as duas asas do Electra se partiam. Essa doença ficou conhecida como Whirl Mode. Diante deste quadro, a Lockheed fez um Recall da frota de Electra e fez os reforços estruturais necessário, o que custou para o fabricante em torno de U$$ 25 milhões, um prejuízo e tanto para a Lockheed na época. Depois dos reparos do fabricante, a aeronave voltou a voar sem grandes problemas, só que o dano deixado por este grave problema, mudou o destino da Lockheed no desenvolvimento de aeronaves comerciais e praticamente acabou com o projeto do Electra para passageiros sendo apenas desenvolvido para uso militar ou de carga.

Lockheed L-188 Elecrta que no início de sua operação, sofreu com problemas de projeto que mudaram
para sempre, o seu destino além da visão da Lockheed na questão de desenvolvimento de
aeronaves de passageiros.

No caso do Boeing 787, não estamos mais nos anos 40 e 50, a segurança nas aeronaves é incomparável aos daquela época, os voos são mais seguros, os instrumentos de navegação são mais precisos, os comandos hidráulicos, elétricos, de pressurização são mais eficientes e cada vez mais a prova de falhas, e problemas com aeronaves iram sempre surgir, porque o ser humano comete erros, eles são normais, além do mais, atraso em projetos aeronáuticos são absolutamente normais, o Airbus A380 sofreu com problemas semelhantes aos do 787 e hoje voa normalmente. O caso do 787 levanta suspeita, mas a Boeing sabe construir aeronaves confiáveis, o projeto do Boeing 747-8 é um exemplo, ele foi desenvolvido praticamente em paralelo com o Boeing 787 e até agora não apresentou problemas semelhantes, resultado, a aeronave já voa a um tempinho sem apresentar qualquer problema sério, o que prova que o projeto do 787 não está tão ameaçado quanto o projetos do Electra, já que nesse caso, nenhuma vítima fatal ou ferido foi registrado ainda, então isso ainda salva a pele da Boeing, mas o mercado é que enxerga mal esses fatos, principalmente os clientes, tanto os que já operam o Boeing 787 quanto os que ainda irão receber o novíssimo avião. Tecnologia e segurança, existe, mas o A350 da Airbus tá já saindo do forno, então a Boeing não dispõe de tanto tempo para corrigir essas falhas, então é sim na nossa época, um motivo de preocupação para o fabricante americano. A FAA apenas faz o seu papel de agência regulamentadora, mas assim como o A380, o 787 passará por essa crise, mas de que forma, veremos nos próximos capítulos.


Airbus A350-800, será também lançada a série -900, concorrente do Boeing 787 que fará seu primeiro voo
em breve.


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