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Apertem Os Cintos! Os Pilotos Piraram

Escrito por William Santos | quinta-feira, 10 de janeiro de 2013 | 15:34


Nem sempre erros grosseiros na aviação terminam em tragédias de grandes proporções. Embora em todas as tragédias os fatores determinantes costumam ser pequenos detalhes que pareciam bobagens, há registros de voos onde falhas absurdas da tripulação colocaram centenas de vidas em perigo mas não passaram de sustos ou, na maioria das vezes, sequer foram notadas pelos passageiros a bordo. Veja abaixo três casos reais onde a sorte ajudou e a comparação com casos onde o desfecho não foi nada feliz.

Pouso Fora Da Pista

Aconteceu em Guarulhos, com um voo da companhia portuguesa TAP. Um Airbus A340 conduzido pelos portugueses foi autorizado a pousar numa das pistas do aeroporto, mas poucos segundos antes de tocar o solo a torre percebeu que ele não estava alinhado corretamente e ordenou que arremetesse. No entanto, o comandante do voo prosseguiu com o pouso, ignorando a ordem dos controladores. A aeronave tocou o solo numa das pistas de taxiamento, usadas para o trânsito e manobra das aeronaves em solo, inapropriada para suportar o impacto do pouso de uma aeronave de grande porte.

Após estacionar no portão de desembarque, os pilotos foram chamados para dar explicações. Eles alegaram que não haviam pousado fora da pista, enquanto os controladores afirmavam que o pouso havia sido realizado numa taxiway, e não na pista de pousos e decolagens. Ao amanhecer, técnicos foram até o local onde a aeronave teria pousado, de acordo com a versão dos controladores, e perceberam que havia um afundamento no pavimento da taxiway, comprovando que uma aeronave de grande porte havia pousado ali, danificando o piso.

O risco

Uma pista de taxiamento pode não suportar o impacto do trem de pouso de uma aeronave e os danos no pavimento podem dificultar o controle da mesma. Mas além deste risco há o mais grave: colisão. As pistas de taxiamento são usadas por aeronaves que estão transitando em solo e não se espera que um jato em alta velocidade se aproxime para pouso numa destas pistas. A qualquer momento outra aeronave poderia ingressar, ou atravessar a pista, sem perceber a aproximação do jato da TAP.

Acidentes

Colisões em aeroportos costumam ser fatais. Tanto na decolagem quanto no pouso, elas provocam acidentes de enormes proporções. O maior acidente na história da aviação, por acaso, ocorreu sob estas circunstâncias quando dois Jumbos, Boeing 747, colidiram na pista enquanto um deles iniciava a decolagem. Mais de 500 pessoas morreram instantaneamente.

Ops! Errei o Aeroporto

Um voo da TAM aterrisou em Guarapari, ES, no dia 10 de Julho de 1998. O problema é que ele não tinha o aerporto em seu plano de voo. Aquela não era uma escala planejada e o pouso deveria ter sido feito em Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Sim, os pilotos erraram de aeroporto e de cidade. Alguns passageiros acabaram entrando em pânico com a situação, por incrível que pareça, e muitos desembarcaram ali mesmo, ainda que o comandante solicitasse calma e informasse que iriam fazer meia volta e se dirigir ao destino correto. Mas este não foi o único caso na história da companhia aérea.

Em Junho de 2001, outro voo realizado com o mesmo modelo de aeronave, um Fokker 100, faria a rota Brasília, DF – Teresina, PI – Fortaleza, CE, porém no meio da viagem, quando teriam que pousar em Teresina, no estado do Piauí, acabaram descendo em um aeroporto particular no Maranhão. A confusão se deu quando o controle de tráfego de Teresina determinou uma mudança de pista. A tripulação do voo fez toda a manobra em condições visuais, à luz do dia, e acabou cofundindo o aeródromo de Domingos Rego com o aeroporto de Teresina, onde deveriam ter pousado. Assim que foi percebido o engano o voo decolou novamente e se dirigiu para o aeroporto correto sem grandes problemas.

O risco

Errar a rota é sempre arriscado, boa parte dos acidentes graves ocorridos envolvem erros de rota. Estar em um local acreditando estar em outro pode levar os pilotos a realizarem manobras sobre morros e elementos de relevo que colocariam em sério risco o voo.

Acidentes

São tantos os casos de acidentes em aproximação onde os pilotos estão desorientados sobre a posição exata em que se encontram que seria difícil relacionar todos aqui. No Brasil, um dos mais graves envolve uma colisão com um morro durante a aproximação para pouso em Fortaleza, Ceará, onde uma aeronave da Vasp se desintegrou matando centenas de passageiros e todos os tripulantes instantaneamente. Pousar em aeroportos próximos ao destino acreditando estar no aeroporto correto mostra que nos casos citados acima os pilotos estavam fora de suas rotas corretas na aproximação, assim como em vários casos onde o desfecho é uma tragédia.

Cochilo No Cockpit

Dormir na direção é sempre um grande risco, e no comando de uma aeronave com dezenas, ou centenas de vidas a bordo não deixa de ser diferente. Um voo da companhia aérea Go!, que fazia rotas no estado norte americano do Hawaii, passou batido pelo aeroporto onde deveria ter pousado e voou por longos 24 quilômetros até que respondesse aos chamados do controle de tráfego em Hilo e fizesse a volta, se dirigindo para o pouso. Passaram-se 17 minutos durante as tentativas de contato com a tripulação dorminhoca, o que levou os controladores à aflição, pois já suspeitavam de uma emergência a bordo da aeronave, que voava a pouco mais de 6 mil metros de altura.

Os pilotos foram punidos pelo órgão norte americano responsável pelo controle e segurança de voo. Perderam suas licenças quase que imediatamente.

Controladores também já se envolveram em cochiladas que deixaram voos sob risco. Em Washington, capital dos EUA, um controlador que trabalhava quatro turnos consecutivos acabou apagando sobre sua bancada deixando os voos em torno do aeroporto sem assistência. Duas aeronaves aterrissaram sem qualquer auxílio do controle de tráfego por isso. Na Grécia outro caso idêntico deixou aeronaves em espera dando voltas sobre o oceano.

O risco

Embora aeronaves comerciais sejam em sua maioria equipadas com sistemas automatizados para auxiliar no voo, estes componentes não são capazes de pilotar sozinhos a aeronave durante aproximação e pouso sem que sejam acompanhados de perto pelos pilotos. Chegar dormindo a um aeroporto onde deveria pousar o avião é extremamente perigoso. O piloto automático coloca a aeronave na rota correta até um certo ponto, nivelando a altitude, dai por diante os controles devem passar para os pilotos, que farão o pouso em segurança. Mas quando os dois pilotos estão roncando na cabine a coisa complica.

Acidentes

Não conheço nenhum registro de acidente onde ficou determinado que a causa tenha sido um cochilo da tripulação. Mas a negligência, motivadas até pelo stress e o cansaço, já ceifou muitas vidas. É o caso de um voo da Korean Air Lines que se espatifou contra um morro numa ilha situada no Pacífico. A causa da tragédia envolveu a lentidão e confusão mental da tripulação que ao longo de toda a viagem comentava sobre o cansaço extremo ao qual estavam submetidos em suas jornadas.  de trabalho. A fadiga da tripulação foi um dos fatores que mais contribuiram para os erros que derrubaram o Jumbo 747-300.

Há caso onde uma simples lâmpada queimada no painel de um jato desencadearam eventos que culminaram em centenas de mortes (Estern, voo 401) e há casos, como os relacionado acima, onde erros graves não tem desfecho trágico. De qualquer forma, agências e órgãos dedicados à segurança de voo apuram tudo em busca de determinar formas de impedir que riscos voltem a ocorrer, tenham eles causado mortes ou não. A aviação luta constantemente contra a famosa Lei de Murphy, eliminando todas as possíveis causas de erros e falhas, tornando os voos cada dia mais seguros.


Imagens: airliners.net; clic RBS; Filme Airplane.
Editadas por: William Santos
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